Fruto do que o autor mantém no bebe, Enfim, grávidos!, escrito com sensibilidade e bom humor, nos dá a chance de conhecer de perto a relação de um pai com seu filho muito antes do nascimento. Hamilton conta, em tom de crônica, as diversas etapas que ele e sua mulher Magie enfrentaram até a gravidez tardia de João Pedro finalmente se consolidar. Apesar dos momentos conturbados que quase levaram o casal a desistir de ter um bebê, a história tem um final feliz. Na verdade, o final do tratamento – bem-sucedido, depois de muitas tentativas – representa apenas o começo de uma belíssima relação entre um ser ainda em formação e seu pai, a cada dia transformado. Representa ainda, nas palavras do Hamilton, “uma rara oportunidade de reinventar a própria vida”. Por um lado, o livro é uma fonte de inspiração e aconselhamento para casais que enfrentam a mesma dificuldade em ter filhos. Por outro, a obra não pretende ser um receita de bolo. Afinal, o longo processo de tratamento que o autor e sua esposa se submeteram poderia ter dado em nada. A luta e a perseverança neste caso não garantem necessariamente um final feliz. A paternidade ganha aqui contornos precisos e parece impossível não se enternecer em trechos quase líricos. As peripécias deste Pequeno Boxeador – apelido carinhoso dado pelo pai a partir da posição que o bebê matinha dentro da barriga da mãe, com os bracinhos erguidos na frente do rosto – não terminam com a última página deste livro: para acompanhar os próximos passinhos dessa microbiografia.