Eu verterei o meu sol configura-se como uma narrativa de ficção histórica que articula memória, política e experiências humanas. A obra estabelece um diálogo contínuo entre passado e presente, evidenciando as tensões e os dilemas que permeiam tanto a história quanto a subjetividade dos personagens. O título, extraído de um verso do poeta russo Vladimir Maiakóvski, vai além de uma função meramente estética ou simbólica, funcionando como uma chave interpretativa central para a compreensão do texto. Ele sugere um gesto de exposição interior e uma entrega simbólica que atravessa o núcleo temático da narrativa. Ao transpor a metáfora da luz para a linguagem narrativa, a autora constrói um campo discursivo onde as sombras do passado histórico coexistem com momentos de resistência. Essa relação dialética entre opressão e luta orienta a estrutura do romance. A narrativa convida à reflexão sobre a importância da preservação da memória daqueles submetidos a diversas formas de violência, reafirmando que o silêncio não é uma resposta admissível diante da brutalidade. O romance reafirma a dignidade humana e o papel da esperança enquanto formas de resistência contra as forças que tentam suprimir a liberdade das vozes dissidentes. Em síntese, Eu verterei o meu sol apresenta-se como uma narrativa que problematiza o passado e aponta para a necessidade de adotar uma postura ativa diante das violências históricas.