2025 mal começou e já eu recebi o convite para fazer esta apresentação. Voltei ao livro, cuja primeira revisão é de anos atrás, e lá em 2022 eu e a Lena já havíamos trocado mensagens sobre o tempo da escrita. Que bonito foi relembrar que Num piscar de olhos é dedicado justamente a este "caleidoscópio de significados". Caleidoscópio também é um modo de enxergar a trajetória desta escritora multifacetada que desde Contando azulejos, de 2014, mudou não só as inúmeras combinações possíveis de Maria Helena Japiassú Marinho de Macedo, como os rumos de suas letras. De todo modo, para a alegria do leitor que tem agora este exemplar em mãos, o tamanho desta prosa mantém a mesma proporção inversa da potência das imagens criadas. Isto é, Lena segue no melhor estilo que Cortázar definiu o gênero, para quem o conto vence por nocaute. Mais ainda: os contos de Num piscar de olhos podem se desdobrar em outros, ainda menores, mantendo o estilo cortante que perpassa os mais variados narradores. Eu mesma já fiz uma coleção de aforismas, que com- partilho e os convido a fazerem também os seus ecos de leitura. DESEJO: Despediu-se de um outro corpo equivocadamente. Assusta-se com a vida, querendo a previsibilidade da morte. SANIDADE: Entre o céu e o asfalto, encontra a si num mundo deslocado que o orbita. BAGAGEM: Que sirva o tronco para violinos. CONDOMÎNIO: Parece que vai chover, sem reticências. AUTORRETRATO: Sem saber como nem por que, ela pintou o mundo, e ficou presa na cena para sempre. Boa diversão! Letícia w. Magalhães Rio, janeiro de 2025