Rosa Luxemburgo a fagulha incendiaria, de Michael Löwy Michael Löwy e Rosa Luxemburgo sempre andaram juntos. Seu amor à primeira vista pela revolucionária polonesa o levou a uma longa convivência com ela, permitindo-lhe construir uma interpretação original, divulgada em artigos que começaram a ser publicados na década de 1970 e que tiveram grande influência entre nós. Esta coletânea, reunindo esses ensaios fundamentais dispersos em publicações esgotadas, é um verdadeiro presente para os leitores. Duas das ideias mais instigantes da interpretação do nosso Autor, que influenciaram gerações de leitores, encontram-se nesta coletânea preciosa: o pensamento de Rosa é dialético, o que a afasta do marxismo economicista do seu tempo, apesar de certas formulações deterministas esparsas aqui e ali. Löwy reconhece a tensão existente entre o determinismo das leis objetivas da história e a ação livre das massas populares, constitutiva do pensamento da revolucionária polonesa, mas ao destacar, com razão, o “ativismo” de Rosa em contraponto ao determinismo, ilumina o alicerce em que essa obra se assenta: a unidade entre teoria e prática. A conhecida alternativa “socialismo ou barbárie”, adotada por ela a partir da Primeira Guerra Mundial, aponta para uma concepção de história aberta, distante do determinismo que impregnava o marxismo do começo do século XX. Por fim, mas não menos importante, Michael Löwy monta uma constelação em que Rosa Luxemburgo dialoga com Walter Benjamin, Gramsci, Georges Haupt, Trotsky e Lukács, ressaltando seu perfil marxista, revolucionário e humanista. Num momento em que estamos à beira do abismo do colapso planetário, com dificuldade de imaginar um mundo para além da destrutividade do capitalismo, é imperioso recuperar a herança dessa mulher que dedicou a vida a lutar contra o sistema de exploração e dominação dos seres humanos e da natureza pelo capital. O que Michael Löwy sabe fazer de maneira exemplar. Isabel Loureiro Sobre o autor Michael Löwy nasceu em 1938 na cidade de São Paulo. Foi para Paris nos anos 1960 para completar seus estudos universitários e lá trabalhou com Lucien Goldman e Nikos Poulantzas. Sociólogo e filósofo marxista, o autor participa da Corrente Marxista Revolucionária internacional.